terça-feira, 27 de agosto de 2013

Prefeitura cobrará multa de até R$3 mil de quem jogar lixo no chão

Acúmulo de lixo é comum na cidade. Imagem:
Paulo Alvadia/Agência O Dia
Rio - Procuram-se lixeiras. Às vésperas do início do programa Lixo Zero, que vai multar quem sujar as ruas, a Prefeitura do Rio parece não ter feito o dever de casa. Enquanto na Zona Sul há condições de descartar corretamente seus resíduos, no subúrbio e no Centro, pedestres penam para colaborar com a limpeza urbana. Na falta das ‘laranjinhas’, os sem-lixeira dão o seu jeitinho, substituindo-as até por caixas de papelão.


A primeira etapa do programa — que terá equipes com um guarda municipal, um fiscal da Comlurb e um PM — será no Centro e começou ontem. Em seguida, chegará à Zona Sul, à Tijuca, ao Méier, a Madureira e a Campo Grande. O DIA constatou a falta de lixeiras no roteiro do Lixo Zero e fora dele. Também comprovou que em bairros como Ipanema e Leblon, na Zona Sul, elas são de fácil alcance, mas para coco, por exemplo, são inadequadas.

Apesar de aprovar as multas, a moradora do Centro Mílvia Dantas, 57 anos, critica o poder público: “Há ruas do Centro que não têm lixeira. No subúrbio é pior. Fico segurando meu lixo. Ando uns 300 metros até descartá-lo”.

A Rua Senhor dos Passos é apontada como a pior por pedestres: de manhã, já tem lixo acumulado.
Polo comercial, Madureira — com 50.106 habitantes — não tem as ‘laranjinhas’ no seu cenário. As ruas Edgard Romero, Conselheiro Galvão e Domingos Lopes, entre outras, retratam a falta de consciência dos ‘porcalhões’, e também a de lixeiras.

Em Realengo, a vendedora Andreia Chagas, 25, improvisa com caixa de papelão. Sua lanchonete fica em frente à UPA: “É um descaso não ter lixeira em frente a um posto”.

Pegar o trem segurando o copo descartável na mão virou rotina para a professora de Educação Física Fernanda Barros, 24: “Tomo meu café na rua e vou andando. Mas tenho que segurar o copo até chegar à Zona Sul, onde trabalho, pois não vejo lixeira nem na estação de trem”.

Rio: de destino turístico disputado à fama de cidade suja

Além de se destacar pelas belezas naturais, o Rio chama atenção pela sujeira. Em pesquisa feita pelo site ‘TripAdvisor’, a cidade ficou em nono lugar entre as 20 mais sujas do mundo. A campeã de limpeza foi Tóquio, onde cada um é responsável pelo seu lixo.

Consultora especializada em comunicação e sustentabilidade, Bernadete Almeida lembra que a responsabilidade é do cidadão, mas destaca que a prefeitura deve fazer sua parte. “A sustentabilidade em espaços urbanos envolve todos: poder público, cidadão e setor privado”, diz.
Bernadete lembra que a prefeitura tem que fazer o recolhimento adequado. “Precisamos de mecanismo para transformação: um governo que crie formas para que o comportamento não sustentável seja punido, mas que também faça a parte dele”.

Comlurb culpa moradores do Rio pela sujeira nas ruas

Segundo a Comlurb, empresa responsável pela limpeza urbana no Rio, há 30 mil lixeiras — as ‘laranjinhas’ — na cidade, que tem 6,3 milhões de habitantes. E mais sete mil lixeiras foram compradas e estão sendo colocadas em Bangu, Campo Grande, Centro, Copacabana, Ipanema, Laranjeiras, Leblon, Méier, Madureira, Centro e Tijuca.

Mesmo anunciando os números, a direção da companhia afirma que não são lixeiras que determinam a limpeza, mas o comportamento da população. Sustenta que os cidadãos e o comércio, que lucra com a venda de produtos que acabam jogados nas ruas, têm de ser responsável pelo destino do lixo.
A direção da Comlurb cita como exemplos Tóquio, no Japão, e Curitiba, considerada “Cidade Modelo”, onde há 4.200 lixeiras para 1,8 milhão de habitantes.

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